AUTONOMIA E PROTAGONISMO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
- Jheyson de Souza Marcilio
- 28 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

Conforme dados divulgados pelo IBGE no censo de 2010, mais de 45,6 milhões de brasileiros apresentam algum tipo de deficiência, sendo que mais de 2,5 milhões estão em idade escolar (entre 4 e 17 anos). Muitas vezes a deficiência atrapalha na comunicação com os professores e colegas, fazendo com que a aprendizagem não seja tão efetiva ou até mesmo, estimule a evasão escolar.
Com a intenção de auxiliar crianças e adultos com deficiência na comunicação de maneira fácil e gratuita, foi desenvolvido o aplicativo Adapt. A ideia é dar voz e autonomia a pessoas que tenham alguma dificuldade na comunicação, seja por paralisia mental, por afonia, deficiência auditiva ou algum outro problema que impossibilite a pessoa de se expressar e ser compreendida.
Além de ser completamente gratuito e personalizável, o aplicativo não necessita de nenhuma tecnologia nova ou muito cara. Basta um smartphone ou até mesmo um tablet para rodar o aplicativo sem problemas. Com o Adapt, os alunos com deficiência tem mais voz na sala de aula e em casa, pois através do aplicativo, conseguem dizer com precisão e rapidez se querem algo, se precisam de algo ou se tem alguma pergunta.
Márcia Madeira, diretora da escola SATC, declara como o Adapt auxiliou o ensino de crianças com afonia presentes em sala de aula. “Os alunos estão se sentindo mais motivados e integrado com os outros colegas. Agora não necessitam de tanto esforço para conversar com colegas ou até mesmo tirar dúvidas. O fluxo das aulas também melhoraram, já que os alunos conseguem se comunicar tão rápido quanto os outros colegas de sala.”
Os alunos estão muito empolgados com a nova tecnologia e estão utilizando-a até mesmo em casa, para conversar com seus parentes e amigos. “Agora a ideia de fazer um curso técnico aqui na SATC não é mais um sonho tão distante” afirma Sara Goulart, aluna do 8º ano do ensino fundamental que tem afonia desde que nasceu. “Quero muito fazer design gráfico” complementa.
O aplicativo é fácil e intuitivo. Nas telas iniciais, é mostrado uma série de botões com desenhos e ações, que proporcionam o aluno escolher o que deseja expressar. O aluno pode escolher entre “Eu”, “Responder”, “Perguntar” ou solicitar algum objeto. Ao clicar na opção “Eu”, mais são abertas, como “Quero” e “Estou”. Cada opção escolhida, abre uma nova tela com mais opções. Ou seja, leva apenas quatro cliques para o aluno informar ao professor que precisa ir no banheiro, por exemplo. Além da interface simples pro usuário, o aplicativo também emite a frase em forma de fala, auxiliando ao comunicado entender sem necessariamente olhar para o tablet.
O professor de Português Jailson Mendes foi o responsável por trazer esse aplicativo para a sala de aula. Após ver uma reportagem sobre um aplicativo semelhante na televisão, Jailson buscou uma alternativa semelhante, mas que fosse gratuito e acessível a todos. “Nos primeiros testes em sala de aula, já pude notar um aumento na confiança dos alunos que tinham dificuldades na comunicação. Eles se sentiram mais seguros e o número de dúvidas que surgiam nas aulas aumentou visivelmente”.
Jailson conta que iniciou levando seu tablet pessoal para as aulas. Mas com os resultados iniciais, a escola já iniciou a compra de mais tablets para auxiliar os professores de todas as matérias a terem uma melhor comunicação.
Ao ser questionado se esse tipo de tecnologia não desestimularia os professores e alunos a aprenderem outras linguagens mais inclusivas, como a LIBRAS por exemplo, o professor nega. “Acho que tudo vem para contribuir. Pode levar muito tempo até que nós, os ‘ouvintes’, que são pessoas que não tem deficiência auditiva, consigamos aprender plenamente a língua dos sinais. Nesse meio tempo, não podemos deixar isolados os alunos que precisam se comunicar e tirar dúvidas”.
Uma grande vantagem do aplicativo é a personalização de pranchetas, podendo o professor personalizar itens e perguntas relacionados especificamente a sua matéria ou o tema que está abordando. Além do mais, não é necessário mais do que um smartphone para utilizá-lo, então os alunos podem também baixar os aplicativos em seus celulares e utilizá-los para fazer trabalhos com os colegas, para interagir na hora do intervalo e até mesmo para interações extra-escolares.
“Estamos planejando iniciar o trabalho com aplicativo desde as séries iniciais, até que eles se formem no inicio médio. Por ter uma interface muito simples e intuitiva, alunos de todas as idades conseguem conversar através do aplicativo”. Finaliza a diretora Márcia Madeira.
O aplicativo Adapt é gratuito e está disponível no momento apenas para usuários do sistema operacional Android.
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